Baianas de acarajé, símbolos culturais e patrimônios imateriais do Brasil, receberam uma formação com a temática Mulher: Gênero e Raça, nesta terça-feira (01/10), realizada pela Secretaria das Mulheres do Estado (SPM). A atividade faz parte da capacitação Afroturismo promovida pela Secretaria de Turismo da Bahia (Setur) em parceria com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (ABAM); que envolve diferentes abordagens e acontece no auditório da Setur, em Salvador. O objetivo é fortalecer a identidade cultural das baianas e promover a conscientização sobre diversas questões, a exemplo de gênero, raça e enfrentamento à violência.
A formação foi ministrada por Francileide Araújo, coordenadora de Prevenção à Violência da SPM, para 200 baianas, em duas turmas, nos períodos da manhã e tarde. Francileide destacou a importância de trabalhar a autonomia das mulheres negras, a identificação das violências, a prevenção e o enfrentamento à violência contra as mulheres. "A maioria dessas mulheres está mais vulnerável à violência tanto no espaço público quanto no privado. Nossa intenção aqui é instruir as baianas a identificar e nomear essas violências, a se apoiarem mutuamente e a enfrentarem essas questões no ambiente de trabalho e nas relações pessoais", afirmou.
A iniciativa também visa o aprimoramento da qualidade dos serviços oferecidos pelas baianas. Juliana Araújo, diretora de Qualificação e Segmentação Turística da Setur, destacou que a atividade vai além das práticas tradicionais, buscando preservar as características da tradição ancestral, ao mesmo tempo em que qualifica o atendimento ao público. "Queremos que as baianas estejam sempre atualizadas e preparadas para lidar com o público diverso que visita Salvador. As baianas são um pilar importante da nossa identidade cultural e queremos empoderá-las para que ofereçam um serviço de qualidade que fortaleça o afroturismo na Bahia", disse.
Ana Cássia Neri, uma das baianas participantes, destacou a relevância desse projeto para sua vida pessoal e profissional. "É uma formação especial voltada para o que passamos no dia a dia. A autoestima que estamos ganhando é algo que vamos levar para sempre", contou Ana Cássia, que dá continuidade ao ofício de sua mãe Tânia da Barra, uma das baianas mais tradicionais do Farol da Barra.
Angelimar Trindade, diretora administrativa da Abam, reforçou a importância de oferecer um curso abrangente para as baianas de acarajé, beiju, mingau e de receptivo. "Esse curso aborda temas que nunca imaginamos. Essa parceria é muito importante para a baiana que precisa se empoderar e entender que o conhecimento adquirido é um patrimônio que ninguém pode tirar dela", enfatizou. A formação, que acontece desde o início de setembro e segue até o dia 13 de outubro, já contemplou aulas sobre higiene e manipulação de alimentos, qualidade no atendimento, empreendedorismo, preparação de indumentárias, montagem de tabuleiros, uso de maquiagem e até orientações sobre abertura de microempresas individuais (MEI).
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