Lula em Paris: “Acabar com a fome é a façanha da minha vida”
- Radiojornalista Paulo Marcos
- 5 de jun.
- 3 min de leitura
Durante discurso na capital francesa nesta quinta-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar sobre sua principal bandeira histórica: o combate à fome no Brasil. Em um tom emotivo e direto, ele lembrou o compromisso assumido em sua primeira posse, em 2003: garantir que nenhum brasileiro fosse dormir com fome.
“Eu não era uma pessoa com muitos desejos. Eu pensava pequeno”, disse.“Se ao terminar meu mandato eu tivesse garantido café da manhã, almoço e janta a cada cidadão brasileiro, já teria realizado a façanha da minha vida.”
Esse trecho, carregado de simplicidade e força simbólica, reaparece como eixo central de sua fala. Lula recordou que em 2012, durante seu governo e o de Dilma Rousseff, o Brasil foi retirado do Mapa da Fome da ONU — marco reconhecido internacionalmente.
No entanto, o presidente também fez duras críticas ao período pós-impeachment de Dilma, chamando o processo de “golpe” e dizendo que o país viveu uma “política de destruição”. Citou a extinção de ministérios importantes, como Cultura, Trabalho, Igualdade Racial e Direitos Humanos, como sinais do abandono de políticas públicas voltadas para a diversidade e o bem-estar da população.

A volta da fome no Brasil
Lula lembrou que, ao retornar à presidência em 2023, encontrou um país com 33 milhões de pessoas passando fome. Segundo ele, nos primeiros anos de mandato, o governo já teria retirado 24 milhões dessa situação, e afirmou com firmeza:
“Até o final do meu mandato, em dezembro de 2026, nós não teremos ninguém mais passando fome naquele país.”
Avanços e retrocessos
O discurso também destacou um ponto sensível: a consciência de que nem sempre a política caminha para frente. Para Lula, o Brasil sofreu um grande retrocesso institucional após 2016, e agora precisa reconstruir políticas públicas essenciais.
Mais do que uma fala política, Lula apresentou um retrato de prioridades. Para ele, acabar com a fome não é um sonho, é uma meta concreta — e um símbolo de dignidade nacional.
📌 O que é o Mapa da Fome?
É um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) que mostra os países com insegurança alimentar grave, ou seja, onde mais de 5% da população passa fome crônica.
📅 Linha do Tempo – Mapa da Fome no Brasil
1990–2000
Brasil tinha cerca de 14% da população em insegurança alimentar grave.
Fome era estrutural, ligada à pobreza e desigualdade.
Programas sociais eram fracos e descentralizados.
2003–2014
Período de queda acentuada da fome.
Criação do Fome Zero e do Bolsa Família.
Redução da pobreza extrema, aumento do salário mínimo, políticas de segurança alimentar.
Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO oficialmente.
2015–2020
Crise econômica, cortes em políticas públicas e aumento do desemprego.
Retorno gradual da insegurança alimentar.
Em 2020, início da pandemia agravou o quadro.
2022
Brasil volta ao Mapa da Fome após 8 anos fora.
Segundo a Rede PENSSAN:
33 milhões de brasileiros em situação de fome.
58,7% da população com algum grau de insegurança alimentar.
2023–2024
Governo federal retoma programas sociais:
Novo Bolsa Família, retomada de políticas de abastecimento, CONAB.
Leve melhora, mas Brasil ainda segue no Mapa da Fome.
Dados de 2023 (Rede PENSSAN):
20 milhões de brasileiros ainda em fome grave.
Mais da metade da população com insegurança alimentar leve, moderada ou grave.
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