Elas que Alimentam: Governo da Bahia articula ações para garantir alimentos saudáveis e fortalecer a autonomia das mulheres
- Paulo Marcos
- 29 de jul.
- 3 min de leitura
IRECÊ (BA) – No coração do semiárido baiano, uma articulação inédita entre secretarias do Governo do Estado está mudando o destino de comunidades inteiras. O programa “Elas que Alimentam”, coordenado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM-BA), em parceria com o Bahia Sem Fome e o Fundo de Combate à Pobreza, destinou R$ 3 milhões a iniciativas que unem produção agroecológica, segurança alimentar e empoderamento feminino.

A ação contemplou duas importantes organizações: a Rede Povos da Mata, nos territórios de Irecê, Sertão do São Francisco, Chapada Diamantina e Piemonte da Diamantina, e a Arco Sertão, na região do Sisal e no entorno. Ao todo, o projeto alcança 20 municípios, com foco na ampliação do número de mulheres certificadas na agroecologia e no fortalecimento de feiras agroecológicas locais.
“É muito mais do que produzir alimento. É um novo modo de vida. É respeito ao meio ambiente, valorização da comunidade e enfrentamento à violência contra as mulheres”, afirma Neusa Cadore, secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia.

Agroecologia com Protagonismo Feminino
A agroecologia é uma prática antiga entre mulheres do campo. Elas lideram a produção de alimentos saudáveis, cuidam da terra com respeito e enfrentam, diariamente, os desafios da invisibilidade. O edital Elas que Alimentam chega para transformar esse cenário, ampliando a presença feminina nas certificações e na gestão das feiras.
“A maioria das pessoas na nossa rede são mulheres. Elas têm o cuidado, a técnica e agora estão conquistando visibilidade”, explica Paula Ferreira, dirigente da Rede Povos da Mata.

Só nesta etapa, serão distribuídas 400 barracas padronizadas para fortalecer as feiras agroecológicas e capacitar mais 250 mulheres nos territórios atendidos.
Alimento com Selo e Justiça
A certificação participativa agroecológica, garantida por meio da Rede Povos da Mata e validada pelo Ministério da Agricultura, exige mais do que o não uso de agrotóxicos. Exige compromisso social.
“Nossas unidades produtivas não podem ter casos de violência de gênero, nem animais silvestres presos. Aqui se produz com ética, com responsabilidade”, reforça Paula.

Encontro que marca a história
Durante o 4º Encontro da Rede Povos da Mata, realizado em Irecê, mais de mil agricultores certificados participaram de feiras, formações e trocas de experiências. Laudemir e Jucivanda, do Assentamento Dandara, vieram do Baixo Sul para mostrar sua produção: chocolate, cupuaçu, açaí e alimentos orgânicos que antes eram desperdiçados e hoje geram renda e orgulho.

“Hoje eu sei o valor do que a gente produz. Aprendemos que não é só vender bruto. É transformar, alimentar nossa família e mostrar ao mundo que o que é da roça também é riqueza”, diz Jucivanda.

Uma política de governo
O coordenador do programa Bahia Sem Fome, Tiago Pereira, explica que a certificação participativa faz parte de uma agenda estratégica do Governo da Bahia.
“Estamos falando de segurança alimentar, adaptação às mudanças climáticas e fortalecimento da agricultura familiar. É uma política integrada e com foco em resultados”, disse.
Tiago também destacou que Escolas Família Agrícola, como a de Sobradinho e Monte Santo, agora estão certificadas como orgânicas, agregando valor à produção estudantil e fortalecendo a educação do campo.

Compromisso com a sustentabilidade
O governador Jerônimo Rodrigues enviou à Assembleia Legislativa, ainda no início de sua gestão, o projeto de lei que institui a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica. A medida, aprovada, coloca a Bahia na vanguarda de um modelo que integra alimentação saudável, justiça social e valorização dos saberes tradicionais.
“Esse é o perfil do nosso governo: apoiar mulheres, proteger o meio ambiente e investir na agricultura familiar”, conclui Neusa Cadore, deputada estadual licenciada e relatora da lei.

SERVIÇO
O projeto Elas que Alimentam já está em execução em 20 municípios da Bahia. Para saber mais sobre as organizações envolvidas, acesse:
🎥 Produção: Agave Audiovisual – Paulo Marcos
📸 Fotos: Paulo Marcos
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